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‘Hurry up tomorrow’ é mais uma tentativa falha de The Weeknd no mundo da atuação

  • Foto do escritor: Bianca Dias
    Bianca Dias
  • há 6 horas
  • 3 min de leitura

O artista usa as telas de cinema como uma forma de promover o novo álbum e justificar erros cometidos durante sua carreira 


Foto: Divulgação/Lionsgate
Foto: Divulgação/Lionsgate

Em 2022, durante a passagem da After Hours Till Dawn Tour por Los Angeles, The Weeknd perdeu a voz após cantar quatro músicas e foi obrigado a cancelar o show. O acontecimento inesperado foi motivo de grande reflexão para o cantor que logo se inspirou no ocorrido para produzir o filme 'Hurry Up Tomorrow’.


Com o mesmo título do seu novo álbum – o último de uma trilogia precedida por After Hours, de 2020, e Dawn FM, de 2022 –, o longa conta a história de um músico (Abel Tesfaye) atormentado pela insônia que é levado a uma odisseia com uma estranha companhia, que começa a desvendar o cerne de sua existência


Junto a Abel, atuam Barry Keoghan, como Lee, seu melhor amigo e produtor representando a opressão da indústria; e Jenna Ortega, como Anima, uma fã psicótica responsável por levar o artista à beira de um colapso. Devo comentar que, apesar de alguns elementos desnecessários, como o sotaque irlandês pesado de Keoghan, os dois elevaram o nível de atuação a outro patamar, infelizmente o que não é visto por parte de The Weeknd. 


Foto: Divulgação/Lionsgate
Foto: Divulgação/Lionsgate

Não é preciso muito conhecimento sobre a vida de Abel para entender que aquilo se trata de uma autobiografia maquiada de thriller psicológico. Para isso, o artista utiliza os mais diferentes jogos de luzes e sons para criar uma atmosfera um tanto parecida com seus videoclipes noturnos e tentar fazer o telespectador ter uma imersão no que seria a realidade louca de quem vive os altos e baixos exagerados da fama. De início, parece funcionar o efeito de se aventurar naquela loucura, porém logo o exagero é interrompido pela carga emocional vivida pelo protagonista, confuso entre o que é sonho e o que é real (assim como nós que estamos assistindo àquele roteiro). 


Incomoda como a produção acelera em ir logo para o limite das emoções quando ainda não explicou as razões que fizeram Abel chegar naquela situação. Junto a isso, fica superficial a personalidade da personagem de Jenna Ortega, dividida entre ser uma fã vivendo uma fanfic ou uma maluca incendiária. No fim, o roteiro prefere esquecer a primeira e focar logo na segunda como uma estratégia de chocar a audiência com a psicopatia de Anima para justificar o gênero cinematográfico escolhido. Muito do longa é isso: nenhum aprofundamento, muitos fatores aleatórios e cenas irrelevantes – inclusive uma de morte – que não acrescenta nada ao enredo. 


'Hurry Up Tomorrow’ está muito ligado à entrevista concedida recentemente por The Weeknd para a Variety Em trecho, ele diz que a perda da voz durante show em 2022 foi a gota d'água e havia muita pressão autoimposta, envolvendo voar para Los Angeles entre os shows, entrar no personagem de 'The Idol'... “Minha voz sempre foi minha arma secreta, meu superpoder, para superar tudo o que preciso. E naquele momento, a realidade bateu: tudo pode mudar depois deste momento", ele completou sobre o que ocorreu. Essa resposta, para mim, foi muito mais convincente do que transformar sua jornada de redenção em um filme sem sentido. 


Foto: Divulgação/Lionsgate
Foto: Divulgação/Lionsgate

Sobre a atuação de The Weeknd, não quero dizer que ele é um péssimo ator – apesar da performance caricaturada na série ‘The Idol’ – e o trabalho “fácil” e sem sucesso que teve em ‘Hurry Up Tomorrow’ em interpretar a si mesmo. Sei que não deve ser simples explorar seus próprios medos, fracassos e inseguranças, mas também não precisa se prestar ao papel se não estiver ao nível disso e fazer os fãs irem até ao cinema para expor que estava em meio a uma crise emocional e por isso tudo aconteceu. Um documentário filmado na sua sala de estar seria o suficiente.


Falando no fandom, acredito que ele terá uma experiência melhor assistindo ao filme, uma vez que o roteiro nos dá uma leve impressão de nos levar à mente de The Weeknd durante o caos e é mais uma produção visual grandiosa da narrativa criada por ele para se aproveitar. Também há, no longa, diversos easter eggs sobre sua carreira que podem divertir o fandom (no meu caso, uma admiradora comum do cantor, não fez muita diferença). 


Foto: Divulgação/Lionsgate
Foto: Divulgação/Lionsgate

Por fim, digo que a melhor parte do filme é a trilha sonora – o que ironicamente tem total a ver com aquilo que The Weeknd deveria focar em fazer. Diferente de artistas multifacetados como Lady Gaga ou Ariana Grande, Abel não se destaca como ator e, ao invés de acrescentar mais produções sem futuro no seu portfólio, talvez continuar investindo nas ricas estéticas das suas eras e álbuns grandiosos sejam a melhor saída para permanecer com a reputação intacta.

 


Veredito: 2/5

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