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'Wicked 2' tenta um desfecho épico, mas esbarra em história confusa

  • Foto do escritor: Rayane Domingos
    Rayane Domingos
  • há 4 dias
  • 4 min de leitura

A sequência de Wicked se preocupa mais em fazer fan service do que de fato contar uma história interessante


Foto: Giles Keyte/Universal Pictures 
Foto: Giles Keyte/Universal Pictures 

Após uma espera de quase um ano, a continuação de Wicked chegou aos cinemas. Nutrir uma grande expectativa sobre uma das histórias mais icônicas da literatura era algo natural, principalmente após o primeiro filme. Mas é provável que esse encantamento sobre a sequência só fique mesmo na cabeça dos fãs. O longa até tenta causar uma grande emoção, tocar naquele lugar de nostalgia com O Mágico de Oz, mas esbarra em uma história curta e que não tem tanto apelo.


Wicked: Parte 2 se passa logo após os acontecimentos do primeiro filme, quando Elphaba se vira contra o Mágico de Oz e é vista como a Bruxa Má. Na segunda parte, Glinda vive como a Bruxa Boa com todas as regalias e bajulações que ama, enquanto Elphaba vive isolada com receio da população que tenta a todo custo matá-la. Quando a revolta se torna insustentável, ela precisa agir para tentar desfazer todo mal entendido.


Cynthia Erivo e Ariana Grande protagonizam o longa de uma forma brilhante e arrebatadora. Michelle Yeoh, Jeff Goldblum, Jonathan Bailey, Ethan Slater, Marissa Bode, Bowen Yang, Bronwyn James e Keala Settle estão no elenco e também fazem um ótimo trabalho.


Desenvolvimento não foi dos melhores


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A gente sabe que os fãs tinham alertado várias vezes sobre o "segundo ato" da peça ser mais curto e não ter tanto impacto quanto o primeiro. E de fato, a história tem um tom mais fluído e melancólico, com foco em mostrar a parte final da jornada de Elphaba e Glinda mais maduras e até com certa amargura pelos acontecimentos que fizeram tudo mudar.


O fato do segundo ato ser mais curto talvez seja o grande problema. O filme tenta de tudo para aquele desfecho render em duas horas e não consegue fazer isso de uma maneira interessante. Em muitas vezes pode ser bem entediante, como se aquele tanto de cena não fosse importante para história, e em outros momentos tudo acontece muito rápido, sem qualquer tipo de apego as tramas, como a de Dorothy.


Quem nunca assistiu ou leu algo do Mágico de Oz vai ficar completamente perdido porque a personagem, que se torna central na briga para derrotar a Bruxa Má, é deixada em segundo plano. Entendo que o diretor já tinha avisado que o foco dos filmes era Elphaba e Glinda, mas é muito difícil contar as histórias delas sem de fato falar sobre Dorothy. A personagem não tem falas e só aparece de relance, como se não tivesse relevância.


Particularmente, esse ritmo desconcertante e fora do tom do filme não me fez apegar as histórias, nem mesmo me emocionar com as cenas. O que parece é que a direção estava mais preocupada em fazer um fan service (e isso não é um problema) do que de fato desenvolver as histórias. O fã que acompanha e gosta do universo de Oz vai se apegar e gostar mais do que um espectador comum que só queria ver a continuação após ter assistido um ótimo primeiro filme.


Não concordo que o roteiro errou ao seguir os cortes da peça para separar o primeiro e o segundo filme. Acredito que a escolha foi bem acertada, mas a execução ficou aquém do que poderia desenvolver. A sequência não precisaria de mais de duas horas para contar a história, caso não fosse bem organizado e melhor trabalhado.


Foto: Giles Keyte/Universal Pictures
Foto: Giles Keyte/Universal Pictures

As músicas antigas e as novas não causaram impacto e nem tanta emoção quanto poderia, e isso foi bem frustrante. Mas acredito que seja pelo tom morno do filme. A única que realmente saltou os olhos foi o clássico 'For Good', muito bem interpretada por Cynthia e Ariana em um contexto de cena muito melhor, que é quase impossível não chorar.


A sequência tem uma paleta de cores melhor do que o primeiro, com mais vida e menos aqueles tons pasteis que se tornou algo "normal" na maioria dos filmes, infelizmente. Mesmo ajustando melhor isso e os contrastes, a produção ainda peca muito na luz. Mais uma vez, não conseguiram chegar em um meio termo entre deixar as coisas mais claras e escuras. A cena da floresta, tão esperada, ficou muito escura e quase não se deu para ver nada.


For Good


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A única certeza absoluta da adaptação de Wicked é que o elenco foi muito bem escalado. De primeira, destaco Ariana Grande e Cythia Erivo que fizeram um trabalho fabuloso e impecável, tanto de atuação quanto de canto. A gente sabia do imenso talento das duas para fazer Glinda e Elphaba, mas isso é escancarado na sequência. As duas carregam o filme inteiro sem fazer a gente cansar de vê-las todo tempo. 


As personagens estão bem maduras, mais melancólicas, e um quê de frustração e de tristeza por ver até que ponto as coisas chegaram, e elas conseguem traduzir isso muito bem, apesar do roteiro mal construído. As cenas cômicas arrancaram risadas dos espectadores na sala e muito mais por serem elas do que necessariamente o texto. As cenas de comédia são legais, mas sinto que o tom é um pouco acima.


Não sei se elas serão indicadas ao Oscar por exemplo, mas o fato é que a atuação das duas ficará marcada na memória dos fãs, que vão enlouquecer com o final, e também do público comum que gosta de musical e ouviu vocais impecáveis durante mais de duas horas.


Destaco também as ótimas atuações de Michelle Yeoh, Jonathan Bailey, Jeff Goldblum, Marissa Bode e Ethan Slater. Apesar da construção, eles conseguem caminhar lado a lado dando mais cancha e veracidade ao embate entre as personagens principais.


Outro grande destaque é a direção de arte, figurino e maquiagem. A gente se imagina e encanta com a magia de Oz com os vestidos de Glinda quanto nas capas de Elphaba. A caracterização do Homem de Lata e do Espantalho não deixou a desejar e até surpreendeu.


Para o público geral, o desfecho de Wicked não foi tão interessante como esperava após um ótimo primeiro filme. A falta de uma boa construção no roteiro e desenvolvimento dos personagens fez o ritmo ficar inconstante e até chato, sem a magia primordial para embarcar na história. Mas apesar disso, é um bom musical para assistir. Já para os fãs, a sequência vai emocionar e trazer novas memórias das duas Bruxas mais famosas do mundo.


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Veredicto: 3/5

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