Canal Brasil lança série documental sobre a Nação Zumbi e celebra legado artístico da banda
- Rayane Domingos
- há 25 minutos
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Produção ressalta a importância do movimento manguebeat para a cultura brasileira

A série documental 'Nação Zumbi - No Movimento das Marés' estreia na sexta-feira (18), às 19h30, no Canal Brasil. Criada por Aquiles Lopes e Leo Crivellare, a produção conta a trajetória da banda desde o começo, sob a liderança de Chico Science, passando pelo luto após a morte precoce do artista e os dias atuais. Músicos, produtores, jornalistas e fãs trazem os seus pontos de vistas da revolução musical nascida em Recife e que ganhou o mundo nos anos de 1990.
Dividida em quatro episódios, a série traz uma perspectiva diferente ao focar no trabalho realizado pela banda depois da trágica morte de Chico Science. Uma forma de dizer que, apesar da perda, o legado do artista continuou com Jorge Du Peixe (vocal), Dengue (baixo), Toca Ogan (percussão), Marcos Matias e Da Lua (tambores), Tom Rocha (bateria) e Neilton Carvalho (guitarra), a formação atual do NZ.
A história sendo contada
O primeiro episódio, 'Hoje, Amanhã e Depois', conta sobre o surgimento do movimento manguebeat, incluindo detalhes de como foi a ideia do manifesto de Fred 04 e Renato L, a formação inicial até chegar na Nação Zumbi, o sucesso do grupo após o icônico 'Da Lama ao Caos' e o falecimento precoce de Chico em um acidente de carro em 1997.
No segundo episódio, 'Um Sonho', o foco maior é retratar inicialmente esse pós-luto e como foi se reerguer após uma tragédia. Com depoimentos sinceros dos músicos, contou sobre a transição de Du Peixe ao assumir os vocais e de como foi se reestruturar internamente para fazer novos discos.
Na era pós Chico, eles gravaram “Nação Zumbi” (2002), “Futura” (2005), “Fome de Tudo” (2007), “NZ” (2014) e “Radiola NZ” (2017). O episódio também traz depoimento de outros artistas, como Frejat, Pupillo, ex-integrante, Karina Buhr, Bi Ribeiro, Charles Garvin e Edgard Scandurra mostra as novas ideias e sonoridade da banda, que conseguiu se reinventar a cada álbum.

Em 'Foi de Amor', o trabalho de composição e produção das músicas é explorado. Os artistas da banda falam sobre como foi a gravação no estúdio Abbey Road, em Londres, famoso por produzir discos de bandas como The Beatles, Pink Floyd, Radiohead e Oasis. Além disso, ressalta o quanto a de cultura de Pernambuco foi importante na sonoridade da banda, trazendo mais diversidade nos sons.
O legado dos homens caranguejos
O último episódio é dedicado para falar individualmente de cada artista da formação inicial da banda, sobre os primeiros contatos com a música, a infância e como se desenvolveu até chegar na Nação Zumbi. Destaco a história de Toca Ogan, apresentando a comunidade que morou em Peixinhos, em Olinda, falando sobre como se encontrar espiritualidade, do Candomblé, mudou a sua vida.
Dengue e Du Peixe também contam sobre como começaram a se interessar por músicas e outros ritmos. O vocalista aproveita para contar mais histórias de Chico e como o artista sempre foi uma pessoa idealista e com muita consciência social e política.
"A gente tem um pouco de modernismo e futurismo. Muito se fala sobre Modernismo a partir da Semana de 22, e de São Paulo como narrativa única. Mas muita coisa no Brasil se fazia nessa dimensão. A gente sempre se calçou nisso"
— diz Du Peixe sobre o que ainda tem sido feito pela banda.
Em um trecho, a jornalista Lorena Calábria citou como o movimento do manguebeat, principalmente com a Nação Zumbi, ainda influencia a cultura pernambucana e não apenas na música, como também nas outras áreas de arte.
"É impressionante que algo que aconteceu há 30 anos ainda reverbera hoje e em vários ambientes, não só na música. O cinema que já existia uma movimentação, mas tomou um fôlego com o mangue, todos os cineastas e roteiristas ali em ebulição. Toda uma geração que trabalha com cultura só se beneficiou disso e até hoje continua rendendo e estimulando tanta gente".
A série documental traz uma proposta diferente ao falar sobre a Nação Zumbi e não ficar tão preso a formação inicial da banda até a morte de Chico. O artista é reverenciado e lembrado a todo tempo, como deve ser, mas o foco maior é mostrar como o grupo se manteve relevante na cultura brasileira e continuou trazendo novas sonoridades e ideias para o cenário musical. E tudo isso ainda mantendo a identidade original e revolucionária dos anos 1990.
Uma frase de Du Peixe me chamou a atenção logo no começo do primeiro episódio. Com orgulho, ele diz que "ainda continua sendo a Nação Zumbi de Chico", como se quisesse traduzir que não importa o tempo que passe e nem que ele não esteja neste plano espiritual, toda a genialidade do artista se mantém viva e pulsante em cada integrante. Aliás, se mantém viva e pulsante em cada jovem que segue se inspirando nas obras e referências de Chico para fazer a própria revolução.
Serviço
Nação Zumbi – No Movimento Das Marés (2025) (4x26') – Inédito
Horário: A partir de 18/07, sexta-feira, às 19h30
Episódios semanais: 2º episódio em 25/07; 3º episódio em 01/08; 4º episódio em 08/08
Horários alternativos: sábados, às 13h30; domingos, às 9h
Classificação: 12 anos
Direção: Aquiles Lopes e Leo Crivellare
Sinopse: No começo dos anos 1990 um movimento surgido em Pernambuco mudou os rumos do cenário cultural brasileiro. O Mangue modernizou o passado (e também o futuro) realizando uma revolução musical. Um grupo de jovens da periferia do Recife e de Olinda apresentou ao país uma sonoridade extremamente genuína, mas carregada de elementos e influências vindas de todos os cantos do mundo. Dividida em 4 episódios, a série documental conta a história da banda pernambucana Nação Zumbi, desde os primórdios do Manguebeat com Chico Science à frente, até os dias de hoje. Nestas três décadas, o grupo se consolidou como uma referência musical no cenário internacional, lançando trabalhos sempre criativos e surpreendentes, ao mesmo tempo em que seus integrantes buscavam por experiências solo e mostravam enorme versatilidade em outras andadas. A série conta com depoimentos de integrantes e ex-integrantes da NZ, que relatam essa história em primeira pessoa. Músicos, produtores e jornalistas consagrados, como Lorena Calabria, Frejat, Marcelo D2, Alice Pellegatti, Charles Gavin, Edgard Scandurra falam sobre a Nação e como ela permaneceu cheia de frescor e vitalidade inventiva. Uma série que narra o percurso da Nação Zumbi, mas também do próprio cenário musical contemporâneo do país.