Lilo & Stitch: Ohana ainda quer dizer família

Bianca Dias
há 12 minutos
3 min de leitura

Remake de grande sucesso da Disney arranca risadas e nos emociona ao ensinar sobre o verdadeiro significado de família

A expectativa era grande. E nem preciso de muitos exemplos para demonstrar isso, é só observar as vitrines das lojas do caminho até o cinema, repletas de brinquedos, roupas e acessórios com a mesma temática: Stitch. O personagem de um dos filmes mais amados da Disney conquistou a criançada muito antes de voltar às telonas, mas o que o público não espera é que o live-action de 'Lilo & Stitch’ não é somente sobre o alienígena. É sobre algo muito maior: a ohana, que quer dizer "família".

Seguindo o enredo da animação, o longa conta a história de Lilo (Maia Kealoha), uma menina havaiana solitária e cheia de personalidade, que adota um "cachorro" nada convencional, sem saber que ele é, na verdade, uma perigosa criatura alienígena chamada Experiência 626, criada para causar destruição. Rebatizado de Stitch, o alienígena começa a aprender sobre afeto, família e pertencimento ao conviver com Lilo e sua irmã mais velha, Nani (Sydney Agudong), que enfrenta dificuldades para manter a guarda da menor após a morte dos pais.

Os fãs da franquia logo vão notar algumas mudanças envolvendo o quadro de personagens. Para a adaptação, foi optado por focar mais na parte humana do que na alienígena – sendo assim, figuras como o capitão Gantu não aparecem, porém outras são adicionadas, como a vizinha das irmãs, a querida Tutu (Amy Hill). Outros personagens também passam por modificações: enquanto no desenho o Sr. Bubbles (Courtney B. Vance) é tanto um assistente social como ex-agente da CIA, no live-action ele atua somente como uma autoridade do Serviço de Inteligência, e sua persona preocupada com o bem-estar de Lilo é substituída pela Sra. Kekoa (Tia Carrere).

Outra alteração interessante foi a envolvendo a dupla Jumba Jookiba (Zach Galifianakis) e Pleakley (Billy Magnussen), que ganham uma persona humana no novo filme. Acredito que tenha sido algo pensado para tornar as interações mais naturais, uma vez que colocar alienígenas como eles no Planeta Terra sem nenhum tipo de disfarce geraria ainda mais confusão. E vamos ser sinceros, foi um bom equilíbrio já que a aparição do uso de CGI foi o suficiente somente com o Stitch.

Falando nele, devo dizer que a tecnologia não atrapalhou em nada. O "bichinho de estimação” não causou uma sensação artificial no telespectador e continua fazendo muita bagunça. Ele é o grande alívio cômico do filme, provavelmente se tornando o motivo da diversão da criançada ao lado de suas cenas de confusão com Lilo e os atrapalhados Jumba Jookiba e Pleakley.

Apesar de sua personalidade carismática e caótica, Stitch não se consagra como um dos protagonistas do live-action. Na verdade, o roteiro faz questão de colocá-lo como apenas mais um elemento do relacionamento que realmente importa, o de Lilo e Nani. As atrizes dão show incorporando as irmãs que vivem numa relação gato e rato, porém cultivam o maior amor e cuidado pela outra. Nessa produção, foca-se na luta da irmã mais velha em lidar com a perda e, ao mesmo tempo, se desdobrar em mil para dar conta de ser dona de casa, funcionária e figura materna. Mesmo Nani tendo uma certa rede de apoio, é gritante o peso da carga emocional que ela carrega como uma jovem adulta só tentando fazer o certo por Lilo, porém isso não parece o suficiente quando a pequena, se sentindo rejeitada, só causa mais estresse e razões para ser levada para outro lar pela assistente social.

O ponto de virada do longa é quando, ao adotar Stitch, Lilo sente empatia e percebe o quão trabalhoso pode ser cuidar de alguém que só faz bagunça. Mesmo com apenas 06 anos, ela parece se espelhar em Nani para educar o alienígena e ensiná-lo o significado de família, despertando o lado amável, sentimental e atencioso da figura. É lindo vê-lo entender que não importa se a dinâmica familiar for pequena ou incompleta, ela nunca abandona.

É esse realismo todo trazido pelo remake que farão os adultos se identificarem com a dura rotina de Nani e como ela lida com resiliência e responsabilidade e se emocionarem com a conexão entre as protagonistas, que fazem de tudo pela felicidade da outra e para estarem juntas, e nos ensinam muito sobre a construção de laços afetivos além do que se entende acerca da família tradicional.

Sim, 'Lilo & Stitch’ é a melhor combinação entre humor e emoção que você verá ultimamente em um filme mascarado de título da Sessão da Tarde, entretanto que é responsável pelas suas maiores risadas, significativas lágrimas e lições de vida poderosas. Posso afirmar, com certeza, que, depois de algumas produções live-action rejeitadas e fracas, a Disney finalmente voltou ao seu auge com uma história que será sucesso para toda e qualquer família – literalmente :)