'Invocação do Mal 4: O Último Ritual' é o fim de um começo que já foi brilhante
- Samantha Oliveira

- 6 de set.
- 3 min de leitura

Uma família unida se muda para uma nova casa e, depois de um tempo, começa a ser assombrada por forças malignas que se alimentam dos seus medos. Essa foi a sinopse que, em 2013, levou milhões de pessoas ao redor do mundo para as salas de cinema, com a estreia de 'Invocação do Mal'. O terror, dirigido até então por James Wan, quebrou recordes e se estabeleceu como um clássico do gênero da nova década.
O uso interessante de câmeras, bons efeitos especiais e uma direção que levou ao máximo a química entre os personagens deu início a uma franquia rentável e de sucesso de crítica, pelo menos nos próximos anos: o chamado Invocaverso.
Agora, Ed e Lorraine Warren, vividos magistralmente por Vera Farmiga e Patrick Wilson, respectivamente, voltam às telonas com 'Invocação do Mal 4: O Último Ritual', que promete ser a despedida após de mais de uma década de sustos, demônios e todo um universo do horror.
Uma direção endemoniada
Já tem algum tempo que os longas do Invocaverso vêm decaindo de qualidade. Uma das razões mais apontadas - e criticadas - pelo público e crítica é a do novo diretor da franquia, Michael Chaves. Aqui, ele pode ser tranquilamente apontado como o grande culpado de tudo pelas suas assinaturas nos terríveis 'A Freira 2' e 'A Maldição da Chorona', além do questionável 'Invocação do Mal 3'.
Apesar de não abusar tanto de jump scares, o que é sempre louvável, a direção abriu mão do investimento em um CGI crível, ao passo de que até mesmo uma pequena chama em papel é feita digitalmente. O resultado são figuras demoníacas expostas até demais e que, no susto, acabam quebrando a fina camada de tensão que foi construída no longa. As manifestações são mais explícitas e intensas, perdendo um pouco do mistério e 'aura' que se cria em longas de terror para finalmente "mostrar a cara do bicho".
Em 'Invocação do Mal 4', é possível ler todas as entrelinhas que serão usadas por Chaves, seja no susto seguinte ou no desfecho da história. Além disso, o jogo de luz e sombras usados pela fotografia é feito em excesso, de forma que até mesmo um dia de sol ganha tons de escuridão na presença do ser maligno.
A ambientação também peca um pouco: por iniciar nos anos 60, mas se passar majoritariamente nos ans 80, Chaves não consegue encontrar um meio termo entre as épocas, resultando em algo entre 'Grease' e 'Stranger Things' visualmente falando.
É o fim de um começo

É evidente que 'Invocação do Mal 3' não será o último filme da franquia. Pelo seu fator lucrativo - que segue em mais um ano, mesmo antes da estreia do longa - Chaves abre todas as portas para que uma dupla de demonologistas assuma o posto de Ed e Lorraine Warren. Neste caso, o 'bastão' é passado para a filha do casal, Judy (Mia Tomlinson), e seu marido, Tony (Ben Hardy).
As falas e acontecimentos são construídos mais para darem o ar de continuidade das investigações do que resolver, de fato, o problema da família em questão. Aqui, inclusive, acredito que o longa poderia ter se aproveitado muito mais da questão midiática do caso da família Smurl - como algo similar ao terceiro filme da franquia.
Por fim, como fã, é agridoce ver de onde 'Invocação do Mal' saiu e até onde o quarto longa chegou. O que começou com cenas inteligentes de susto e personagens cativantes agora é apenas mais um filme de terror para assistir na TV a cabo, com sangue demais (e mal feito) e seres demoníacos que realmente não convencem. Por fim, o encerramento da franquia com 'O Último Ritual' é algo familiar na história, mas totalmente indigno para quem assiste.
Veredicto: 1/5
















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