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Foto do escritorThallys Rodrigo

"Wonka" não é pura imaginação, mas é doce do mesmo jeito

Atualizado: 16 de jan.

Em cartaz nos cinemas, filme conta história de origem do chocolateiro de forma simples mas eficaz


Timothée Chalamet é a estrela de "Wonka" (Foto: Warner Bros.)
Venha comigo e você estará / Em um mundo de pura imaginação / Dê uma olhada e você verá / Na sua imaginação / Começaremos com um giro / Viajando no mundo da minha criação / O que veremos desafiará explicações

É isso que diz a letra de “Pure Imagination”, música consagrada por Gene Wilder, primeiro intérprete de Willy Wonka, no filme de 1971, e que voltou a ser utilizada em “Wonka”, novo filme da Warner Bros que conta a história de origem do personagem.

Curiosamente, o novo longa, estrelado por Timothée Chalamet e dirigido por Paul King (“Paddington”), não é uma grande inovação e não é de deixar a imaginação correr solta com elementos inéditos.

Mas, justiça seja feita, “Wonka” não deixa de ser bonito e emocionalmente satisfatório por conta disso.

De certa forma, é como optar por um doce de chocolate diante de um cardápio de vários sabores: uma escolha clássica, não muito ousada, mas, ainda assim, certeira.



Você nunca provou um chocolate assim?


Alguns dos números musicais estão entre os destaques de "Wonka" (Foto: Warner Bros).

“Wonka” se passa em um mundo de visual vintage, levemente mágico e absurdo, no qual um jovem Willy Wonka tenta fazer sucesso com seus chocolates super mágicos e absurdos.

Em sua trajetória, ele enfrenta inimigos como a ardilosa Senhora Scrubitt (Olivia Colman), um Oompa Loompa vingativo (Hugh Grant) e um grupo de fabricantes de chocolate gananciosos.

Na sua jornada, o personagem faz amizades dos mais variados tipos, como a orfã Noodle (Calah Lane) e… uma girafa.

Diversos elementos do filme são familiares, desde o visual, com toques que lembram o longa original de 1971 (como o visual dos Oompa Loompas e do próprio Willy), até a relação do protagonista com sua falecida mãe, algo já bastante visto em produções do tipo.

Além disso, nem todos os números musicais funcionam totalmente, especialmente no primeiro terço do filme, que, apesar da edição bastante dinâmica, demora a prender o interesse.


Calah Lane é a orfã Noodle, um dos papéis de mais destaque em "Wonka" (Foto: Reprodução)

Porém, eventualmente, o filme conquista o coração dos espectadores com seu senso de espetáculo, divertimento e emoção.

Além do humor (em sua maioria) criativo, números musicais envolventes como o da canção “You've Never Had Chocolate Like This” (“Você Nunca Provou Um Chocolate Assim”, em tradução livre), se tornam cada vez mais frequentes no decorrer do longa.

Com inventividade e muito coração, “Wonka” se distancia do tom sisudo e do visual retrofuturista estabelecidos por Tim Burton no reboot lançado em 2005, se sustentando sozinho, mesmo que com elementos familiares.

O terço final do filme, em especial, carrega uma dose de emoção bastante notável, e é a melhor parte de toda a produção. Trata-se de um filme que começou “meio lá e meio cá”, mas que chega bem à linha de chegada.

A produção não traz Grandes Reflexões sobre a Natureza Humana™, mas aquece o coração por seu senso de espetáculo e por parecer acreditar que a doçura ainda pode triunfar, mesmo em um mundo repleto de egoísmo e ganância.

É clichê? Talvez. Você já viu um filme assim? Provavelmente. Mas não deixa de fazer efeito e deixar um sorriso no rosto de quem assiste.



Sobremesa no ponto (mais ou menos) certo


Há muito com que se deleitar em “Wonka”, e isso passa também pelo visual, com uma ótima caracterização de atores e cenários criativos, em especial, a primeira loja de Willy.

Além disso, o longa é um acerto quase 100% completo no que se refere ao elenco, desde a novata Calah Lane até a participação rápida, mas divertida de Rowan Atkinson, ator consagrado pelo papel de Mr. Bean.

Também se destacam a veia humorística de Hugh Grant como o Oompa Loompa menor que a média que persegue Willy Wonka, e Paterson Joseph, excelente como o vilão Arthur Slugworth.


O Willy Wonka de Timothée e o vingativo Oompa Loompa de Hugh Grant (Foto: Warner Bros)

Já Timothée Chalamet é um caso um pouco mais complexo. Sua belíssima voz é surpreendente para muitos, uma vez que o ator é muito mais lembrado por seus dons dramáticos e por seu posto de namoradinho da internet do que por ser um cantor.

Na maior parte do tempo, ele convence como Willy Wonka, e seu talento realmente é inegável.

Porém, há momentos em que é um tanto nítido que o ator está alguns tons de carisma (e aura descontraída) abaixo do que o personagem pede, mesmo que isso não comprometa por completo a conexão do público com seu Willy.

Um outro problema, menos discreto, é a presença de preguiçosas piadas um tanto gordofóbicas, em meio a tantas outras, tão criativas e divertidas.

Parece que os roteiristas não resistiram aos impulsos preguiçosos de associar obesidade a algo cômico e vergonhoso em um filme sobre chocolate.


Não adianta vir com guaraná pra mim, é chocolate que eu quero beber


Piadas questionáveis e Chalametfobia a parte, “Wonka” ajuda a encerrar o ano cinematográfico com um sabor agradável na boca.

Amparado por um elenco talentoso, momentos emocionantes e um visual interessante, o longa combina bem com a temporada de festas de fim de ano e vale o ingresso.

Especialmente para quem anda precisando de uma sobremesa para disfarçar o amargor do dia a dia.

Veredito: 3.75/5


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